Entrevista com o engenheiro de masterização Bernie Grundman
Postado em 18.08.2012 - créditos: VHND.com / The Examiner.comA entrevista recente com o engenheiro de masterização Bernie Grundman, que trabalhou com o Van Halen no disco "ADKOT".
(entrevista original completa, em inglês aqui)
Os engenheiros de masterização são muitas vezes os heróis anônimos da música gravada. Enquanto
a maioria dos músicos entendem de produção e
engenharia, a masterização - que é o passo crítico final -
não é sempre um item primordial em seus estudos. Com
a recente tecnologia que torna fácil para qualquer um com um computador
decente e uma ligação à Internet gravar e
lançar um álbum, e os consumidores agora com ouvidos
menos exigentes devido à nova forma de ouvir música
nesses dispositivos móveis, a
masterização pode não mais aparecer na foto.
"Grande
erro", diz o engenheiro de masterização Bernie Grundman,
o homem por trás da empresa Bernie Grundman Mastering, em
Hollywood, Califórnia. Grundman é um dos nomes mais
conhecidos e respeitados na indústria, tendo
masterizado inúmeros álbuns de platina e ouro ao
longo das décadas. Um
engenheiro premiado, Grundman realiza palestras, workshops e
seminários em todo o mundo e é o nome que os artistas,
produtores e engenheiros recorrem para o toque final. Entre
sua lista: The Doors, James Taylor, Supertramp, Rod Stewart, Quincy
Jones, Michael Jackson, Prince, Dr. Dre e Van Halen, incluindo
o muito aguardado lançamento da banda de 2012: o disco "A different Kind Of
Truth".
Masterizar é uma arte complicada e é algo desconhecido para muitos. Bernie
Grundman recentemente tirou um tempo de sua agenda muito agitada para
explicar os detalhes e mostrar o seu olhar meticuloso para todo o
processo, bem como compartilhar suas observações sobre o
estado da música gravada.
[menção sobre o Van Halen]:
Vamos
olhar para "A Different Kind Of Truth" como que "colocando um
pé" no exemplo que o processo implica: como o álbum
soava antes de ser trazido a você, o que você fez, como
você fez isso, e o como ficou o resultado final?
Bernie:
Um álbum requer muita consideração, porque ele tem
que fluir e ficar confortável para o ouvinte passar de uma
música para outra. Isso
tem muito a ver com a forma como ele é espaçado e como
cada canção bate em você depois que você
já ouviu uma música completa. Há
um certo lugar onde você está pronto para a outra
música, mas tem que ser confortável. Não
pode ser muito alto, muito suave, vocais muito altos, vocal muito baixo
ou o que quer que seja, de repente, que interrompe o seu conforto.
Na
masterização - porque essas coisas são feitas por
um longo período de tempo - nas várias vezes que tentamos
acertar algumas das diferenças de mixagem para mixar de modo a
fluir e sentir confortável para o ouvinte, não
soou a mesma coisa, se tornou chato. Esse é um aspecto. O outro aspecto é o que eu estava falando antes. Nós
vamos tentar fazer esta música competir lá fora e tirar o
máximo proveito das mixagens, otimizar esse mix de modo que ele
vai ser mais eficaz na sua capacidade de comunicação e
sua capacidade de atrair o interesse das pessoas. Quando
manipulamos o som, temos que entrar no mesmo comprimento de onda sobre
essas gravações como o produtor o destina. É
bom tê-los aqui para que possamos torná-lo mais eficaz e
ter uma melhor experiência desta música. Você não pode fazer de outra forma. Você
pode ser capaz de torná-la mais equilibrada em alguns aspectos,
com quantidades semelhantes de graves e agudos e tudo mais, mas o que
você realmente quer fazer é encontrar os elementos
importantes, as coisas que contam a história desse pedaço
de música em uma maneira que ele se comunica bem. Temos que estar abertos emocionalmente a estas coisas e julgar o que fica bom e o que não funciona. Houve
um tempo em que isso poderia ir e voltar por meses, mas não
mais, porque ninguém tem o cálculo certo.
Com
o álbum do Van Halen, eu fiz algumas coisas com eles antes, mas
é claro que tiveram um mixador muito bom, Ross Hogarth, neste
álbum, e quando temos realmente experientes mixadores, faz o
nosso trabalho ficar muito mais fácil, porque eles já focaram no que é importante. Nós
estamos tentando fazer justiça numa boa gravação
para levá-la a uma posição competitiva. Que afeta a mistura e o equilíbrio do espectro e assim por diante. Uma
coisa que nós estamos procurando é fazer isso soar do
jeito que soaria fora do estúdio, se é uma mixagem muito
boa, e esta foi muito boa. Queremos perder a menor quantidade possível neste processo. Ross estava aqui para a masterização. Fizemos
algumas equalizações, e algumas contribuíram
para melhorar e outras apenas mantivemos do jeito que estava, o jeito
que era equilibrada e assim por diante, quando saíram do
estúdio.
Com cada tipo diferente de música, várias coisas são mais importantes do que em outras. No Hard rock, tudo é sobre energia e entusiasmo. Se você mexer muito, você perde um pouco disso. Todas essas coisas são importantes. Muitas dessas coisas que fazemos são para fazer o álbum fluir e ter um certo tipo de continuidade, mas com o Van Halen, eles são músicos incríveis, assim as suas gravações são um prazer em trabalhar, porque eles fazem uma grande performance. Um monte de material que recebo não é assim tão bem pensado e realizado como o deles, e este álbum está fantástico, é ótimo como sempre foi. Foi mixado muito bem, e nós temos um monte de coisas personalizadas no sistema para tentar preservá-lo. Temos um sistema de equalização muito elaborado e há algo com 35 ou mais freqüências que podemos manipular. Nós não podemos fazer muito de uma vez, mas temos um monte de opções para mexer com o espectro e tentar ter certeza de que estamos extraindo tudo o que pudermos do que pode sair da música.
Nosso sistema é todo personalizado. Nós construímos o compressor e o computador aqui mesmo. Temos uma equipe toda tecnologica. Estamos fora do comum nesse sentido. Nós
usamos um software licenciado chamado AudioCube, mas colocamos
todo nosso esforço conjunto para que possamos utilizar recursos
especiais e fiação especial, porque todas essas coisas
fazem a diferença. Mesmo os processadores, os transformadores e todos os que são hot-rodded. Reconstruímos
os amplificadores e colocamos nossos beefed-up especiais e fontes
de alimentação lineares em tudo. Nosso
sistema é feito a mão e estamos sempre comparando isso e
aquilo para ter certeza que estamos nos movendo em uma
direção positiva, tentando coisas diferentes e tentar
fazer o caminho do sinal mais limpo e mais limpo. Há dezoito pessoas que trabalham no estúdio e outras nove pessoas, em Tóquio.
Sua filosofia é "menos é mais". Qual é a chave para essa filosofia? Quando é que se torna muito fácil de fazer muito?
Bernie: Se eu puder seguir com isso, eu prefiro deixar tudo mais limpo e extrair somente o que eu quiser. Mesmo o nosso sistema é construído dessa forma. Ele
é construído de modo que mesmo que tenhamos todas essas
escolhas de efeitos, só precisamos ter ligado no circuito o que
realmente estamos usando. Nós temos isso de modo que podemos dar bypass em tudo que nem sempre queremos. Temos
tudo construído de tal forma que, se não estiver usando
um efeito, vamos dar bypass e ignorar completamente,
não usamos efeitos em tudo. Para só melhorar. Um
monte dessas coisas que você poderia dizer, "Está ligado,
está desligado", é difícil ouvir qualquer
diferença. Algumas dessas coisas são muito sutis, mas
elas vão se somando, e se você fizer um monte de
manipulação com os efeitos, aí você chega ao fim e, de repente, diz: "O que aconteceu? Não está soando a mesma coisa para mim. O
som não tem a presença e entusiasmo que costumava ter".
Aí você percorre todo o caminho de volta para onde
você começou com e você diz:" Uh-oh, eu perdi um
monte aqui e eu não percebi porque me acostumei com esse som. Eu
adicionei uma outra coisa, eu me acostumei a isso, e de repente
fomos longe demais". Isso pode acontecer na mixagem, isto
pode acontecer em qualquer lugar, onde temos todas essas escolhas
mas que não eram para soar dessa forma, por isso temos que ter cuidado.
É por isso que temos um método aqui de comparar tudo o que fazemos, para que possamos sempre ouvi-la no mesmo nível que começou. Podemos comparar constantemente "o antes" e para ter certeza de que não estamos perdendo nenhuma das grandes qualidades da mixagem original, quando mexemos ou manipulamos. Temos muito cuidado para não perder as coisas boas que vieram originalmente, e indo somente para adicionar coisas que vão torná-lo ainda melhor. Muitas dessas gravações tem certos aspectos que se deseja preservar e algumas coisas que se deseja melhorar, mas, por vezes, as áreas que você quer melhorar também afetam as áreas que você deseja preservar, por isso estamos constantemente comparando e preservando. Temos que tentar todos os tipos de coisas diferentes para conseguir chegar onde se quer, se possível. Às vezes não é possível.
Tenho clientes que continuam a trabalhar nisso em um número muto grande de sessões. O Van Halen não demorou muito tempo para a gravação. Levou apenas algumas sessões. Para nós, não tem que levar um longo tempo se é uma boa gravação. Você pode gastar cinco ou seis horas sobre ele, talvez oito horas. Não
me lembro quanto tempo levou, mas eu não acho que isso
levou tempo demais porque foi bem feito e ficou muito bom. Esses caras estão entre os melhores. Às
vezes a gente acerta um álbum inteiro, mas então eles nos
enviam uma nova mixagem corrigindo, depois que eles já
ouviram tudo remixado. Eles dizem: "A voz está muito baixa. Vou
enviar-lhe um novo mix com o ajuste sobre ela". Então
ouvimos novamente, colocamos na mesa de mixagem e lhes enviamos um novo
referencial. Às vezes o material vai e volta, por um tempo.
[Leia a entrevista completa na Examiner.com]